Escravidão em Estrela-RS |
Escravos Negros em Estrela-RS
A Fazenda Estrela surge em 1856, justamente quando a questão sobre a mão de obra no Brasil era amplamente discutida. O governo sofria pressões internacionais, especialmente da Inglaterra para dar fim ao trafego ilegal de escravos procedentes da África.
Para suprir as necessidades de mão de obra para produção nas lavouras, o governo monárquico incentivou a imigração alemã e de outras nacionalidades. Os Alemães acabaram povoando e colonizando Estrela.
Passaram-se 32 anos desde a criação da Fazenda Estrela quando a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea em 13 de maio de 1888, dando um ponto final na escravidão no Brasil. Neste período foram promulgadas ainda duas outras leis: A Lei do Ventre Livre em 1871, de poucos efeitos práticos, a lei dá liberdade aos filhos de escravos, mas deixa-os sob tutela dos senhores até 21 anos de idade e a Lei dos Sexagenários em 1885 que liberta os escravos com mais de 65 anos.
Na verdade nunca se fez, nem jamais se poderá fazer uma estimativa precisa do número de escravos que trabalhavam nas fazendas localizadas no território de Estrela, entretanto existem alguns registros de batizados de filhos de mulheres escravas, a quem a liberdade deveria ser garantidos em razão da Lei do Ventre Livre.
A Paróquia Santo Antônio realizou 91 batizados (43 meninas e 48 meninos) filhos de cativas entre 1874 e 1887.
Outra curiosidade da época são os inventários dos fazendeiros que registravam a propriedade de escravos que passavam para herdeiros. Conforme relatos, em 1880, um jovem escravo em Estrela, valia a soma de 37 bois.
Os imigrantes eram proibidos de possuir escravos. Também eram proibidas as manifestações religiosas africana. Os escravos recebiam formação cristã dos brancos católicos.
A notícia sobre a Lei áurea de 13 de maio de 1888 chegou a Estrela no dia 26 do mesmo mês e ano, cujo livro da Paróquia Santo Antônio registra um sermão em ação de graças para saudar a abolição dos escravos.
Os escravos libertos em Estrela foram morar onde hoje se localiza o bairro Oriental. No interior foram morar em locais conhecidos como cafundós (lugar ermo e afastado, de acesso difícil, normalmente entre montanhas). A partir da abolição passaram a realizar serviços difíceis e pesados que ninguém mais queria na comunidade. Passaram a compor a camada mais pobre das classes populares. Alguns caíram na miséria da mendicância.
Anos depois ainda havia comemorações no dia 13 de maio, inclusive no Álbum do Cinqüentenário de Estrela consta uma fotografia de um churrasco para festejar a Lei Áurea.
Mas é no vinte de novembro o Dia Nacional da Consciência Negra. A data - transformada em Dia Nacional da Consciência Negra pelo Movimento Negro Unificado em 1978 - não foi escolhida ao acaso, e sim como homenagem a Zumbi, líder máximo do Quilombo de Palmares e símbolo da resistência negra, assassinado em 20 de novembro de 1695.
O Quilombo dos Palmares foi fundado no ano de 1597, por cerca de 40 escravos foragidos de um engenho situado em terras pernambucanas. Em pouco tempo, a organização dos fundadores fez com que o quilombo se tornasse uma verdadeira cidade. Os negros que escapavam da lida e dos ferros não pensavam duas vezes: o destino era o tal quilombo cheio de palmeiras.
O negro deu importante contribuição para nossa cultura e para formação do povo brasileiro. A língua falada no Brasil apresenta número elevado de vocábulos de origem africana. Também devemos aos negros os pratos apimentados.
O folclore brasileiro deve aos negros grande parte de suas características. São manifestações folclóricas de origem africana: danças, o jongo e o samba; instrumentos musicais como a cuíca, a marimba e o berimbau; cerimônias de cunho religioso ligado ao candomblé.
O negro deixou marcas profundas no próprio físico do povo brasileiro. Os mulatos, resultado da miscigenação entre negros e brancos, corresponde a uma parcela significativa da população brasileira de hoje.
Pesquisa: Airton Engster dos Santos
Referências: “História do Brasil” de Olavo Leonel Ferreira; “O Brasil em Foco” - Joelza Ester Domingues e Layla Paranhos Leite Fiúza; “Resgatando a Formação Étnica do Vale” - Fundação Oswaldo Carlos Van Leeuwen.
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