Sedesth Pousada em Estrela-RS acolhe crianças de três cidades


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Pousada em Estrela acolhe crianças de três cidades

Pousada da Criança em Estrela foi regionalizada ano passado e recebeu de uma equipe de empresários solidário, ares-condicionados. A poucos meses de se desligarem do local, jovens contam o acolhimento que tiveram dentro da casa


Ser retirado do seio da família e morar em um local completamente desconhecido por decorrência da desestrutura familiar pode causar marcas em crianças e jovens. Pode também, ser uma experiência interessante se o local em questão trata com decência, carinho e aconchego as vítimas. Em Estrela, a Pousada da Criança que fica no Bairro Imigrantes é uma grande casa em madeira com brinquedos no pátio e bichos de pelúcia no quarto coletivo das meninas. Apesar da simplicidade das comodidades, ali muitos jovens encontraram a segurança necessária para tocar a vida adiante.
No ano passado, a Pousada foi regionalizada e atende agora 12 crianças, não só de Estrela, mas também de Bom Retiro do Sul e Fazenda Vilanova. “Fizemos um convênio e a Pousada passou a atender estes dois municípios. Quando há necessidade de acolhimento, a Justiça encaminha crianças de tais cidades para Estrela”, informa o secretário do Desenvolvimento Social, Trabalho e Habitação (Sedesth), José Itamar Alves. 
No local, os laços e a crença no ser humano se renovam, mesmo quando se encontram em um ambiente, pessoas de outras cidades. Um dá coragem para o outro. A fé no futuro e em algo superior também se recicla. Por conta da regionalização, a Pousada recebe pequenas melhorias. Uma equipe de empresários solidários doou quatro ares-condicionados para serem colocados nos quartos e outros ambientes. “Faremos um muro para dar proteção maior às crianças”, explica Alves. O grande projeto, contudo, ainda está no papel, e se sair, irá melhorar de forma acentuada as instalações. O Governo de Estrela está pleiteando recursos junto aos governos federal e estadual para a construção de um prédio de alvenaria. A previsão de investimentos seria de R$ 500 mil. “Queremos um local melhor para nossas crianças”, projeta o secretário da Sedesth.

“Aqui encontrei carinho e amor”
A . tem 17 anos e sairá da Pousada em três meses, está preparando-se para a nova etapa de sua vida, mas não sem pensar nos vínculos que deixará para traz. Há um ano, a garota chegou ao local pelas próprias pernas. “Vim para cá por vários motivos”. Não quis citá-los, são feridas difíceis de cicatrizar. Na Pousada da Criança encontrou o apoio para cessar seus fantasmas. “Encontrei aqui carinho e amor e irmãs. Aqui todo mundo é amigo e se ama”, salienta enquanto olha com carinho para o rosto de sua colega, que se tornou sua melhor amiga. Um abraço na companheira é o jeito de demonstrar seu sentimento. No quarto das meninas as camas estão dispostas em várias posições e os bichos de pelúcia em cima delas remetem ao acalanto. É como se elas quisessem aninhar-se neles e receber o que muitas vezes não tiveram na infância. É numa delas que A. repousa. “Estou perto das pessoas que mais gosto, então me sinto protegida. Por mais que aqui se apague a luz do quarto e fica escuro, sei que tem alguém por perto.”
A . Teve uma infância difícil e o que a fazia suportar a vida era a presença do irmão e mais a fé de que a vida melhoraria. Hoje, estuda no 1° ano do Ensino Médio e nutre sonhos: quer ser veterinária, adora bichos. Uma forma de espalhar o amor que recebeu na Pousada da Criança, ainda que seja para diferentes tipos de seres vivos. 

Família
A melhor amiga de A. é R, que também tem 17 anos e deve sair da Pousada em meados do ano. Fará mudança para morar na casa da mãe. “É uma longa história de o motivo de eu vir para aqui”, sem dar pormenores. A Pousada é sua família, as amizades seladas com as crianças e meninas de sua idade vão ajudar a trabalhar seu psíquico. R. tem outra irmã na casa que deverá sair logo depois dela. R. organiza seu futuro agora sem os pais sociais, mas com a mãe biológica. Ainda que uma nova etapa venha, não esquecerá da proteção que a levou a ter fé e a orar por dias melhores. “Sinto alegria de estar aqui por estar perto dos amigos, da minha irmã e sei que estou segura.”

Aceitam-se visitas
A Pousada da Criança aceita visitas e esta atitude por parte da sociedade seria um presente com o qual crianças e jovens ficariam muito satisfeitos. Mais do que doações materiais que são importantes para tornar o lar aprazível, o carinho das pessoas expressaria compaixão e humanidade, sentimento que foi muitas vezes eclipsado na curta trajetória de vida dos integrantes da casa.
A coordenadora da Sedesth, a assistente social, Tatiana Pereira de Oliveira enfatiza que o olhar bondoso da comunidade sobre as crianças seria um bálsamo nessas férias. “Um momento de recreação em fim de semana, uma atividade com bola ou xadrez, enfim qualquer coisa que as distraia e deixe as férias delas mais leves e divertidas.

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